quinta-feira, 22 de março de 2012
Chamar-se-á Desilusão
Longe da civilização, estava eu entre as grutas de minh'alma. Somente assim poderei conhece-la, somente assim, terei paz para superar meus demônios.
Lugar escuro, até certo ponto tenebroso. Teria entrado eu no obscuro mundo de minhas dores? Não o sei. Sinto medo, calafrio que sobe pela espinha em direção a minha nuca.
Não enxergava um palmo à minha frente. O frenesie já tomava conta de mim, quando por ventura do destino encontro um velho de aspecto calmo e tranquilo, junto a ele uma tocha que iluminava parte da gruta. Me apresento:
- Salve bondoso velho, dirijo-me a ti a fim de conhecer o fim desta desprezível escuridão. Muito prazer, Duque de Calvaga.
- Infelizmente não mudara - Disse ele a mim.
Sem muito entender o que disse, tornei a perguntar:
- Bondoso senhor de aspecto gentil, não saberia me informar a saída de tal treva?
- Agora tenho aspecto gentil? - Após tal pergunta riu alto, um eco tomou conta da gruta. Enfim continuou. - De que vale teus títulos aqui dentro deste recinto? Não me importa se és Duque, Conde ou Rei, para mim continua sendo um pobre mortal. Porém se chegou até aqui, motivos há de ter. Diga, o que o traz até aqui e se entrara por boa vontade por que quer sair?
Naquele momento fiquei nervoso. Porém tentei não demonstrar. Como podia o velho me tratar daquele jeito, afinal eu era Duque, tinha minhas riquezas, a vida e o poder que muitos queriam e não tinham.
- Na realidade, entrara por curiosidade, dormi noite passada e quando acordei me deparei com a entrada desta gruta, nada ao meu redor, somente uma estranha sensação que me dizia para entrar. Pois bem, entrei e me perdi. Não sei se isto é um sonho, ou melhor, pesadelo. Me diga velho, quem és? - perguntei eu, já receoso com a resposta que viria.
- Eu sou tua moral, eu sou tua consciência. Fui abandonado aqui, na mesma época que tu fora saudado com o título de Duque. - disse o velho com ar de tristeza.
- Estou sonhando - disse eu com ironia
- Não, na verdade teu corpo dorme, mas teu espírito fora trazido aqui, para tentar reconciliar-se com tua moral, deixada de lado, coberta pelas trevas de tua ignorância, dentro desta gruta que tu mesmo citara como sombria. Formada pelas trevas em teu coração, foi o único lugar que encontrei para morada. Sinto te informar que teus títulos e tuas riquezas não o fizeram mais do que nenhum homem. Sinto te informar que tuas atitudes insensíveis que mataram centenas de aldeões, não o fizeram melhor aos olhos dos céus.
Nesta hora, pairava em minha mente as atrocidades que permiti e aquelas que ordenara. Senti-me culpado, mas não via como me refazer como pessoa. Pedi perdão.
- Sentiu a ferida abrir-te o coração. Reconhecera suas dívidas. Mas não ache que ficará somente por isso. Pagará a tua divida. - disse minha consciência.
Chorei. Sofri pelo monstro que me tornei. Pela vida de ilusão que fizera para mim.
Desiludido e já sem forças, caí ao chão...
- Meu Deus. Que pesadelo horrível. Poderia eu estar ficando louco? Ah! pura bobagem...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário